22 de janeiro de 2008

Conversa surrealista a três...

-Porque é que os tamboris não aprendem, de uma vez por todas, a tocar castanholas tão bem como os cogumelos selvagens?

-Como o meu amigo deve saber, os cogumelos selvagens têm um sentido do ritmo só igualado no mundo vegetal pelas couves de bruxelas e no animal pelos ornitorrincos. Quanto aos tamboris, o facto de serem excelentes intérpretes de banjo já devia satisfazê-lo.

-Os tamboris não são, nem de perto, nem de longe, bons executantes de banjo. São, isso sim, muito habilidosos com as mãos, o que os torna excelentes remadores e caixeiros-viajantes. Apenas fingem tocar banjo e de ouvido. De qualquer modo, o banjo há muito tempo que deixou de ser disciplina olímpica, o que tem irritado bastante as agulhas de gramofone!

-Deixe-me discordar da sua opinião! É do foro público que os tamboris tocam castanholas, mas às escondidas, em noites sem luar, debaixo dos lepidogasters. Aliás, sabe-se que foi o grande mestre alemão Otto-Clavenn, exímio na execução das fugas de Bach em clavas, quem ministrou as aulas de castanholas aos tamboris. A verdade acima de tudo!

-Na ânsia de encontrar a verdade, tem-se esquecido de algo de suma importância: cada tamboril é um tamboril e, se bem que alguns tenham decidido ingressar na carreira de caixeiros-viajantes, isso não caracteriza todos os outros. Em relação às castanholas, devo dizer que a pouco e pouco os tamboris se têm vindo a libertar da pressão da sociedade, nunca confiando num apicultor com sotaque dos Açores.

-Ora! Esses tamboris nunca mudam! Sempre egocêntricos, sempre com as suas atitudes cuidadosamente copiadas das corças. Mas tudo estaria bem, não fora eles terem uma predilecção pelas curvas acastanhadas, de forma que arrastam as castanholas para a sua atmosfera preferida, os húmidos kibbutz da Nova Gales do Sul. Não há condições de trabalho lá, com uma barbatana a acariciar as costas, enquanto se ouvem frases borbulhantes de lascívia. Não só isso, como também é difícil arranjar um pastor metodista que não curta peles.

-Bem sabe que uma castanhola é um estudante de matemática aplicada que chumbou nas provas globais. Daí esse seu apelo às barbatanas, que mais não são que sobretudos de arenque, abandonados numa rave-party. A sua indignação resulta, aliás, da falta de imaginação que lhes é particular e que já Pasteur anotou no seu tratado sobre Pintura Industrial. Por outro lado, são os maronitas e os derviches que curtem peles, não os pastores metodistas. Estes têm mais inclinação para as artes marciais, o que os torna excelentes cabritos assados.

-É incompreensível o que diz! Parece que só existem os tamboris e as castanholas! Não fala das capacidades líricas dos tubarões! Será por terem bons telefones? Seja como for, é uma atitude discriminatória! Que seja reposta a verdade: qualquer tubarão toca melhor saxofone que um tamboril!

… … …


3 comentários:

effetus disse...

Trata-se de uma "conversa" real, entre mim e dois ilustres desconhecidos, nos "newsgroups", há mais de 10 anos...

joao de miranda m. disse...

Pois, e a avozinha, com o desgosto, nunca mais bebeu cafe... Ah, a baleia é um cetáceo porque não tem pente...

effetus disse...

...mas é delirante, não achas?
E faz-me lembrar outras conversas, de outros tempos, em Coimbra!