O actual Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, sem papas na língua, fala do que sabe mais: de Justiça e do Poder Judicial. E diz o que pensa com seriedade, serenidade e acutilância, como é seu timbre.
Bom será que os restantes Poderes do Estado tenham ouvidos para ouvir, olhos para ler e massa cinzenta para decorar e agir...
Bom será que os restantes Poderes do Estado tenham ouvidos para ouvir, olhos para ler e massa cinzenta para decorar e agir...
Aqui: site da TSF.
4 comentários:
Fazendo jus à solicitação de “Effetus”, aqui vai um comentário sobre o artigo em questão (até tenho demonstrado alguma participação no seu “blog”, não acha?). Reconheço que a gestão do “lixo processual” é condição fundamental para que o sentimento geral da sociedade portuguesa perante o seu sistema de justiça evolua. Começou com incompreensão, passou pela incredulidade e acabou na descrença absoluta. Mas como mais uma cidadã deste país “à beira mar plantado”, sou levada a afirmar que é inquestionável que, tal como nas escolas e na saúde, o problema essencial do sistema de justiça português não é ter tribunais, juízes e funcionários a menos. Os recursos de facto existem! E é necessário geri-los! Imagino – e de acordo com muitos exemplos já divulgados pelos “media” - um tribunal a abarrotar de processos e outro, no concelho vizinho, relativamente aliviado. Falta obviamente gente num tribunal que julga vários anos de atraso. E, dentro desse tribunal, há secções que estão particularmente soterradas. Por isso é que deposito algumas esperanças na elaboração do novo mapa judiciário. Não ficaríamos todos a ganhar?
Kikas:
Sabe que sou muito seu amigo e uma pessoa tolerante. Mas sabe também que, quando não concordo com algo, o digo frontalmente.
É exactamente isso que vou agora fazer, em relação ao seu comentário (que desde já agradeço); estou de acordo com tudo o que escreve, excepto numa coisa, que reputo de essencial: quando diz que a sociedade portuguesa encara a Justiça com descrença absoluta.
E não concordo, por duas ordens de razões: por um lado, porque não é assim, felizmente; por outro, porque a Kikas está a veicular, por palavras suas e naturalmente de boa-fé, uma certa tese de alguma imprensa e também de alguns políticos (coincidências?) que lhes apraz e lhes faz jeito...
A prova disso é, exactamente, o aumento exponencial de processos em Tribunal, o que só faz acreditar que as pessoas sabem serem eles o último reduto para a defesa dos deus direitos; por outro lado, não vemos por aí, ainda - e graças à acção do chamado sistema de Justiça - as ruas transformadas em far-west...
Outra coisa são alguns erros cometidos; mas os juízes são homens, não deuses!
Com efeito, a describilização da Justiça aproveita a muitos... especialmente àqueles que estão a braços com processos judiciais, incluindo políticos (os quais raramente se viram metidos em tais assados...). E o mesmo se dirá em relação a uma certa imprensa.
Que a Justiça - tal como o resto da sociedade, direi mesmo das sociedades - está em crise, ninguém nega; mas considerar que há descrédito na Justiça é, confesso, uma afirmação que entendo exagerada, por não corresponder à verdade.
E digo-lho, porque sou muito seu amigo e porque sei que me lerá com atenção.
No resto... venham de lá as boas reformas, que cá estamos para as aceitar. Com um apontamento: nenhuma reforma se fará decentemente, contra aqueles que por ela irão ser atingidos e englobados.
Beijinho.
Tony.
Ia comentar o discurso com um "Ah! Ganda Noronha!", mas perdi-me a ler os comentários...
Que os juízes são homens, permito-me discordar... Parece que a maioria, pelo menos na 1ª instância... são mulheres...
E quanto a Deuses, se os da 1ª instância pensam que o são, os das instâncias superiores têm a certeza.
LOL
Brincadeira à parte, ainda acredito na Justiça, e sei que ainda muita gente acredita na Justiça. E se isso deixar de acontecer algum dia, irei dedicar-me à pesca da enguia pois então.
Abraços do Robin
Olá, Robin.
Estás como eu!
Tony.
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