Um artigo de opinião que diz tudo e diz bem! É pena que seja só ele, ou pelo menos que ele seja dos poucos que sabem escrever e o que escrever:
Um director de jornal "de cuyo nombre no quiero acordarme" publicou um dia destes um editorial que fica, já que leva um título de conotações borgianas, para a "História Universal da Infâmia" do jornalismo português. O que aí se diz, bem interpretado, é que o recém-eleito presidente do Supremo comprou os votos dos seus pares através de "promiscuidades", "favores" e "empenhos". Noronha Nascimento é chamado de "maquiavélico", "subversor do regime", "habilidoso", "perigoso". Nem o cabelo escapa, pois "a sua melena é algo desgrenhada" (desculpável já será dá-lo como "terceira figura do Estado", porque aí há apenas ignorância). O assunto acabará decerto nos tribunais criminais, pois de caso de polícia se trata. Mas é um sintoma perturbador de algum jornalismo que por aí se faz confundindo crítica com difamação e injúria. Os jornais estão igualmente cheios de gente que não se inibe de perorar sobre Direito e Justiça sem nunca ter lido um código ou entrado num tribunal, a não ser, como o famoso juiz Roy Bean, enquanto arguido. Ora as opiniões, ensina Pound, são como os cheques a sua seriedade depende da cobertura que tiverem. O problema é que a cobertura, já não digo intelectual, mas ao menos moral, de tais "opinion makers" é igual a zero.
Manuel Pina (J.N.).
Manuel Pina (J.N.).
5 comentários:
Bem vindo à Blogosfera! Estive a ler os posts para trás e gostei muito dos textos e das fotografias.
Um beijinho
São tão susceptiveis estes juízes...
Mas, Bernardo: o autor do artigo NÃO é juiz, mas jornalista!
Escreve no JN, artigos de opinião.
Tony.
Já cá faltava o MP a dar nos juízes...
Não é MP, Robin. É "apenas" filho de MP... e estudante de Direito...
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